Cartões pré-pagos: suas vantagens e como oferecê-los no e-commerce
Depois de amargar por anos o impacto negativo da oferta do frete-grátis, o e-commerce brasileiro mostra taxas de melhoria na redução dessa prática, que já esteve presente em mais de 50% das vendas online no Brasil e ainda representa 39% de tudo o que é comercializado.
Embora traga vendas e gere boca-a-boca, o frete grátis pode corroer a lucratividade do negócio. Estudos mostram que o brasileiro ainda é “mal-acostumado”, apresentando um índice de 90% de consumidores que afirmam já ter desistido de uma compra por causa do valor do frete.
Na esteira dos desafios da entrega de mercadorias nas vendas online, ainda fazem companhia ao ofensor “frete-grátis” companheiros inseparáveis e igualmente indesejáveis, como dimensões continentais do país, demora na entrega, logística-reversa e o não menos desanimador, roubo de carga.
Contudo, enquanto o setor varejista vive o conflito entre aumento de volumes e custos da absorção do frete, um novo segmento vem crescendo em vendas e atratividade, sem a carga dos riscos e perdas da entrega física.
A venda de serviços através de cartões pré-pagos de conteúdo, já bastante relevante no brick and mortar, vem ocupando seu espaço cada vez mais sólido junto ao consumidor do e-commerce: Google Play, Netflix, Xbox e Uber são alguns dos exemplos globais de sucesso de conteúdos comercializados por códigos pré-pagos procurados por milhões de consumidores online diariamente em todo o mundo.
Adquiridos, pagos e em sua maioria utilizados no próprio ambiente digital, os conteúdos de serviços, música, filmes e entretenimento trazem vendas, público e fidelização para as lojas online, deixando para trás no horizonte da operação qualquer traço de atividade logística.
Para oferecer e comercializar com sucesso essa categoria, algumas (simples) medidas devem ser seguidas. Recomendo aqui cinco práticas que, se bem aplicadas, geram atratividade a um público cada vez mais crescente e fiel, sem demandar entrega de produtos.
Crie a Categoria
Muitas redes varejistas com as quais converso diariamente enfrentam a dificuldade de ampliar sua fronteira de categorias além de produtos tradicionais. No entanto, já é grande o leque de serviços procurados pelos consumidores online, tais como assinaturas de jogos, filmes e softwares, créditos para transporte urbano, viagens, seguros pessoais ou garantia estendida. Para tornar sua loja relevante para esse público, é importante ter as categorias de serviço claramente indexadas na busca do site, como “jogos” ou “entretenimento”, por exemplo.
Quem compra, também compra?
Serviço não é “tudo igual”. Dentro desse universo, cada qual tem seu público e áreas de interesse. Nem sempre quem consome jogos terá interesse em transporte urbano ou, ainda, quem busca meios de pagamento pode não se interessar por sistemas operacionais ou educação. Para bem aproveitar as oportunidades é necessário um gerenciamento de categoria elementar, aproveitando especialmente as vendas cruzadas que os serviços permitem, inclusive ofertados com produtos tradicionais: na sua loja ou departamento de informática ou eletroeletrônicos agregue o serviço de venda de software para download e destaque as facilidades da compra em conjunto.
Alguns pequenos espinhos no jardim
Atrair um público diferenciado e fiel e ainda vender com a vantagem da entrega imediata. Parecem flores para a rotina de qualquer varejo online, mas alguns pequenos espinhos podem surgir. Para evitá-los, é importante montar uma árvore de decisão dentro da loja e vislumbrar que cada categoria de serviços possui um modelo próprio, com cadeias de valor diferenciadas em margens, prazos de pagamento, impostos, termos e condições de resgate. É importante assimilar cada modelo e buscar parceiros com credibilidade e experiência em atuar com a diversidade, especialmente se você é um marketplace.
Para descer redondo
Como qualquer formato novo, a venda de serviços na loja online precisa ser compreendida e absorvida pela estrutura. Para implantar o novo modelo sem dor, o primeiro passo é colocar a equipe para conhecer os principais fornecedores do mercado, entendendo o fluxo transacional e operacional dos diversos serviços. Depois, reúna seu time de desenvolvimento comercial e marketing e monte sua estratégia de vendas e SEO para gerar maior performance. Teste os principais serviços e sua aderência ao público de sua loja, assim como a visibilidade das categorias.
A loja toda de presente
Além dos conteúdos de grandes marcas nacionais e internacionais, o pincode pode emular a marca de sua loja e transformá-la em um amplo “vale-presente” digital. Crie seu Cartão Presente Digital de marca-própria e estimule o consumidor a “dar a sua loja” de presente.
Ofereça o e-gift como mais uma opção de pagamento, que pode ter a mercadoria retirada na loja física, via Click & Collect ou ainda com a tradicional entrega física de produto.
Afinal de contas, é difícil resistir ao incremento que o bom e velho “frete grátis” traz para as vendas, mesmo sabendo que este crescimento vem acompanhado das grandes emoções dos processos logísticos no Brasil.
Rogério Lima é um executivo sênior com uma carreira profissional consistente e sólida experiência nas áreas de vendas e marketing, adquirida em mercados distintos através do desenvolvimento de negócios B2B e B2C junto aos principais varejistas do Brasil. Atuou em empresas como Natura, Nestlé, DPA, Warner Bros, Universal Pictures e Euronet wordwide/epay. É formado em Propaganda e Marketing pela Universidade Paulista, com MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios pela FGV-SP. Ao longo de sua carreira diversificada teve a oportunidade de conhecer diferentes culturas e ambientes organizacionais, incluindo projetos no Chile, e participação em conferências e workshops na Inglaterra, EUA, Alemanha, França, Suíça, Espanha e México.
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